O  resfriamento do mosto é uma das etapas mais críticas do processo de  produção. A partir de agora, a atenção e o cuidado devem ser redobrados.  Um erro agora pode ser fatal para sua cerveja.
Por que tanto cuidado assim?
Um  dos motivos tem a ver com a possibilidade de contaminação. Uma vez que o  mosto esteja frio, a grande quantidade de açúcares presentes nele  torna-se um excelente meio de cultura para as leveduras que vamos  adicionar para fermentar a cerveja. Mas assim como o fermento que  adicionamos gosta dos açúcares do mosto, as leveduras selvagens que  estão presentes no ar e nos equipamentos à sua volta também gostam. Por  isso, à medida que o mosto é resfriado é necessário tomar cuidado para  minimizar o risco de contaminar nossa cerveja. Isso inclui evitar  respirar diretamente sobre o mosto. 
Antes  de usar o chiller de imersão, ele deve ter sido muito bem lavado e  estar isento de oxidação (no caso do cobre, é uma oxidação esverdeada  chamada “zinabre”). Produtos ácidos ajudam a limpar o cobre, como água  com limão ou água com vinagre de álcool. Em últimos casos, uma boa  esfregada com esponja vai ajudá-lo.
Antes de desligar o fogo (10 min.), coloque o chiller de imersão limpo na panela e  engate as conexões para circulação de água. Deslige o fogo e abra a  torneira, fazendo com que a água circule por dentro do  chiller. 
Como funciona o chiller de imersão feito de cobre?
Visto  que o cobre é um material com boa condutividade térmica, ele permite  que a água que passa por dentro da tubulação retire o calor do mosto e  leve embora quando sair. Quanto mais fria estiver a água que entra no  chiller, mais rápido será o resfriamento. Tome cuidado com a água que  sair do tubo, pois estará quente. Para evitar perda de eficiência,  ajuste o volume de água que circula no chiller de forma que a água saia o  menos quente possível. Se a água estiver com pouca pressão e sair muito  quente do chiller, isto significa que na parte final do equipamento a  temperatura não está sendo bem retirada do mosto.
Ainda  no início do processo de resfriamento, com o auxílio da colher usada pra mexer o mosto  limpa, faça uma espécie de redemoinho no mosto. Isto fará com que as  partículas decantem e se acomodem mais para o centro da panela, evitando  serem levadas junto para o fermentador ao final do resfriamento.
À  medida que o mosto resfria, mantenha a panela tampada para evitar  contato com o ar ou que algo caia no mosto (lembre-se do risco de  contaminação!). A água que sai do chiller pode ser armazenada para  posterior uso na limpeza dos equipamentos e do ambiente onde você fez a  cerveja.
Um  aspecto importante a ser lembrado na etapa de resfriamento é que este  deve acontecer o mais rapidamente possível. Quanto menor o tempo de  resfriamento, melhor. Isto porque o quanto antes você deixar o mosto na  temperatura de fermentação, antes você vai fazer a transferência para o  fermentador e diminuirá as chances de contaminação. Se você simplesmente  deixar a panela tampada e esperar o mosto esfriar em temperatura  ambiente, serão formados sabores indesejáveis na sua cerveja final. Isso  ocorrerá  porque alguns compostos indesejados são gerados e evaporados  durante a fervura. Se o mosto continuar em alta temperatura com o fogo  desligado, os compostos serão gerados e não evaporados, o que trará  sabores indesejáveis. 
Outro  motivo de resfriar a cerveja rapidamente é que isso vai ajudar a ter  uma cerveja mais límpida. Isso ocorre porque algumas proteínas que estão  no mosto são coaguladas quando resfriadas bruscamente. Com as proteínas  decantadas no fundo da panela, você poderá descartá-las, sem levar ao  fermentador.  Se a queda de temperatura do mosto não for rápida, estas  proteínas não serão afetadas e serão levadas junto para a cerveja final.  Com isso, no momento que você for resfriar a sua cerveja para consumo,  essas partículas vão coagular na garrafa e deixar a sua cerveja mais  turva (esse fenômeno é chamado de “turvação a frio”). Tudo bem que isso  só vai impactar no aspecto da cerveja, sem afetar o seu sabor. Mas é  sempre melhor resfriar rápido o mosto!
Importante:  não mexa no mosto enquanto este resfria, pois isto atrapalhará a  decantação das partículas e formação do trub. O único detalhe é que  ficará difícil aplicar esta recomendação se você não usar o chiller de  imersão, conforme explicado logo em seguida.
O  ideal é resfriar o mosto até chegar à temperatura de fermentação, que  no caso da nossa cerveja é 20ºC. Se você não conseguir reduzir a esta  temperatura, tente pelo menos chegar a uma temperatura inferior a 30ºC.  Isso evitará que você inutilize o fermento ou que tenha uma fermentação  inicial muito vigorosa. 
Agora vamos falar sobre a transferência para o fermentador e aeração.